sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Os Direitos Das Crianças

Toda criança do mundo
Deve ser protegida
contra os rigores do tempo
Contra os rigores da vida.

Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.

Não é questão de querer
Nem questão de concordar
Os direitos das crianças
Todos tem de respeitar.

Direito de perguntar...
Ter alguem pra responder.
A criança tem direoto
De querer tudo saber.

A creiança tem direito
Até de ser diferente.
E tem que ser bem aceita
Seja sadia ou doente.

Tem direito à atenção
Direto de não ter medos
Direito a livros e a pão
Direito de ter brinquedos.

Mas crianças também tem
O direiro de sorrir.
Correr na beira do mar,
Ter lápis de colorir...

Ver uma estrela cadente,
Filme que tenha robô,
Ganhar um lindo presente,
Ouvir histórias do avô

Descer no escorregador,
Fazer bolha de sabão,
Sorvete, se faz calor,
Brincar de adivinhação.

Morango com chantilly,
Ver mágico de cartola,
O canto do bem-te vi,
Bola, bola,bola,bola!

Lamber fundo de penela
Ser tratada com afeição
Ser alegre e tagarela
Poder também deizer não!

Carrinhos, jogos, bonecas,
Montar um jogo de armar,
Amarelinha, petecas,
E uma corda de pular.

Um passeio de canoa,
Pão lambuzado de mel,
Ficar um pouquinho à toa...
Contar estrelas no céu...

Ficar lendo revistinha,
Um amigo inteligente,
Pipa na ponta da linha,
um bom dum cachorro- quente.

Festejar o aniversário,
Com bala, bolo e balão!
Brincar com muitos amigos,
Dar uns pulos no colchão.

Livros com muita figura,
Fazer viagem de trem,
Um pouquinho de aventura...
Alguém para querer bem...

Ruth Rocha

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"Quando a vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: este é meu neto.
Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu.
Ela disse que eu voltei de ateu.
Aquela preposição deslocada me fantasiava de ateu.
Como quem dissesse no carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço.
Minha avó entendia de regências verbais.
Ela falava de sério. Mas todo - mundo riu.
Porque aquela preposição deslocada. Podia fazer de uma informação um chiste.
E fez. E mais. eu acho que buscar a beleza nas palavras e uma solenidade de amor.
E pode ser instrumento de rir.
De outra feita no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho.
Eu não disiliminei ninguém.
Mas aquele verbo novo trouxe um perfume de poesia à nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas.
Comecei a não gostar de palavra engavetada.
Aquela que não pode mudar de lugar.
Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam.
Por depois ouvir um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler. Aquele "a" preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro."

Manoel de Barros